quarta-feira, 27 de abril de 2011

Esquema usava nomes de trabalhadores domésticos

'Laranjas'

Pessoas humildes entregavam seus documentos em troca de cestas básicas
O Ministério Público do Estado já colheu o depoimento de 14 'fantasmas' ou 'laranajas' da Assembleia Legislativa. Segundo o promotor Arnaldo Azevedo, muitos dessas pessoas sequer sabem o endereço daquela Casa. Os protagonistas do esquema, que tem denegrido a imagem do Poder Legislativo, enganavam pessoas humildes para conseguir desviar dinheiro dos cofres públicos. Grande parte dos fantasmas morava no bairro da Terra Firme, em habitações precárias, sendo que a maioria teve seu nome envolvido no golpe por serem trabalhadores domésticos de funcionários da Alepa que faziam parte do esquema ou de algum conhecido dos fraudadores. 'Eles (laranjas) entregavam os documentos com a promessa de que no final do ano receberiam brinquedos ou cestas básicas', revela Arnaldo. Sem saber, essas pessoas eram incluídas na folha de pagamento com salários que variavam de R$ 4 mil a R$ 16 mil.


'O mais repugnante não é o desvio de recursos públicos, que o povo já está calejado de tanto escândalo, o que mais causa desprezo é a utilização da miséria alheia, de pessoas humildes, que moram em subúrbios de Belém, que eram trabalhadores domésticos ou nunca tiveram a carteira de trabalho assinada, nunca tiveram um emprego. As pessoas eram ludibriadas. Essas pessoas não recebiam vantagem alguma e não sabiam que estavam na folha. Uma exploração sórdida', destacou o promotor. As residências dessas pessoas foram visitadas pelo MP, que registrou as condições de habitação em fotos, anexadas ao inquérito. As vítimas vão desde vendedores de feira, donas de casa, domésticas e também foi identificado o caso de um servidor público do município de Benevides.


Entre as vítimas do esquema, havia pessoas que encaminharam currículos à Assembleia, contendo números de documentos pessoais, que foram usados para a inclusão na folha. Quando essas pessoas foram informadas pelo MP que estavam na folha da Alepa, demonstraram espanto e indignação. Mas o promotor não descarta algumas situações em que os funcionários aceitavam obter vantagens financeiras ilegais para elevar o próprio contracheque em troca de dividir o salário com alguém. 'É uma forma de exploração imoral, uma afronta ao princípio da moralidade pública', criticou.

Fonte: O Liberal on line

terça-feira, 26 de abril de 2011

Fraude na Alepa usava domésticos como laranjas

O Ministério Público do Estado já colheu o depoimento de 14 'fantasmas' ou 'laranajas' da Assembleia Legislativa. Segundo o promotor Arnaldo Azevedo, muitos dessas pessoas sequer sabem o endereço daquela Casa. Os protagonistas do esquema, que tem denegrido a imagem do Poder Legislativo, enganavam pessoas humildes para conseguir desviar dinheiro dos cofres públicos. Grande parte dos fantasmas morava no bairro da Terra Firme, em habitações precárias, sendo que a maioria teve seu nome envolvido no golpe por serem trabalhadores domésticos de funcionários da Alepa que faziam parte do esquema ou de algum conhecido dos fraudadores. 'Eles (laranjas) entregavam os documentos com a promessa de que no final do ano receberiam brinquedos ou cestas básicas', revela Arnaldo. Sem saber, essas pessoas eram incluídas na folha de pagamento com salários que variavam de R$ 4 mil a R$ 16 mil.


'O mais repugnante não é o desvio de recursos públicos, que o povo já está calejado de tanto escândalo, o que mais causa desprezo é a utilização da miséria alheia, de pessoas humildes, que moram em subúrbios de Belém, que eram trabalhadores domésticos ou nunca tiveram a carteira de trabalho assinada, nunca tiveram um emprego. As pessoas eram ludibriadas. Essas pessoas não recebiam vantagem alguma e não sabiam que estavam na folha. Uma exploração sórdida', destacou o promotor. As residências dessas pessoas foram visitadas pelo MP, que registrou as condições de habitação em fotos, anexadas ao inquérito. As vítimas vão desde vendedores de feira, donas de casa, domésticas e também foi identificado o caso de um servidor público do município de Benevides.


Entre as vítimas do esquema, havia pessoas que encaminharam currículos à Assembleia, contendo números de documentos pessoais, que foram usados para a inclusão na folha. Quando essas pessoas foram informadas pelo MP que estavam na folha da Alepa, demonstraram espanto e indignação. Mas o promotor não descarta algumas situações em que os funcionários aceitavam obter vantagens financeiras ilegais para elevar o próprio contracheque em troca de dividir o salário com alguém. 'É uma forma de exploração imoral, uma afronta ao princípio da moralidade pública', criticou.

Fonte: O Liberal on line

domingo, 24 de abril de 2011

Alepa tinha 300 ‘fantasmas’

Esta é a estimativa feita por Mônica Pinto, que abre o jogo sobre o escândalo em entrevista exclusiva

ENIZE VIDIGAL
Da Redação

A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) tinha entre 200 a 300 assessores fantasmas na gestão do ex-presidente da Casa, Domingos Juvenil (PMDB), sendo cerca de 70% lotados no Gabinete Civil da Presidência do Poder, ou seja, diretamente submetidos aos desmandos do peemedebista. Sem contar os 700 estagiários, que comumente não eram estudantes e dentre os quais também haviam muitos fantasmas. É o que esclarece a ex-chefe da seção de folha de pagamento da Alepa, Mônica Pinto, que assumiu a direção do Departamento de Gestão de Pessoal a convite de Juvenil, em 2007, cargo em que ficou por dois anos.


Em entrevista exclusiva a O LIBERAL, Mônica Pinto conta parte do que sabe, pois aguarda o término das investigações. Ela evita falar do envolvimento de parlamentares, mas afirma que todos recebiam vale-alimentação ilegalmente e que o benefício era comprado em quantidade 10 vezes superior ao número de funcionários contemplados. Mônica também confirma que teve um relacionamento amoroso com o ex-parlamentar Robson do Nascimento, o Robgol, e que foi ela quem indicou a casa do ex-jogador do Paysandu ao Ministério Público do Estado (MPE), onde foram encontrados R$ 500 mil em dinheiro e R$ 40 mil em vales-alimentação.


Beneficiada pela delação premiada, Mônica Pinto é a principal fonte de informações que levou o MPE e as polícias Civil e Militar a prender quatro servidores e a fazer busca e apreensão de documentos na sede do Legislativo e outros endereços, na última terça-feira, 19. Os desvios na folha de pagamento somavam prejuízos mensais entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão. Os dados são de 2009. Ela não nega que havia irregularidades em gestões anteriores a de Domingos Juvenil, mas ressalta que a presidência do peemedebista na Alepa, de 2007 a 2010, foi marcada por um festival de fraudes jamais visto.

O Liberal- on line

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Escândalo da Alepa: Sindicância de araque

Essa sindicância instaurada na Assembleia Legislativa não é propriamente uma montanha que pariu um rato. É uma montanha que pariu uma formiga. A sindicância pretendia apurar fraudes na folha de pessoal da Assembleia. As fraudes são monstruosas. Todas elas remontam aos quatro anos em que foi presidente da Casa o peemedebista Domingos Juvenil.


Os indícios da farra com dinheiro público são tão fortes que o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Receita Federal estão igualmente com suas atenções voltadas para passar tudo a limpo. Qual a conclusão a que chegou a comissão de sindicância instaurada na Assembleia? A nenhuma conclusão. Para não dizer que não chegou a nenhuma conclusão, a comissão apresentou como 'resultado' alguns fatos que a imprensa já revelara, envolvendo a concessão de empréstimos consignados. Isso é um escândalo. E um escândalo dentro de outro escândalo maior, que consiste em supersalários, na emissão de atos secretos, na existência de funcionários fantasmas e em irregularidades chocantes na contratação de estagiários e temporários durante a gestão Juvenil. Nada disso foi investigado. Absolutamente nada.


Quem está satisfeito com o fato de a sindicância ter parido uma formiga? Estão satisfeitos os fantasmas, os beneficiados por supersalários e os privilegiados por benesses concedidas por meio de atos secretos. Estão exultantes, igualmente, os que de alguma forma se beneficiaram de ilegalidades na contratação de temporários e estagiários. Estão satisfeitos os que tiverem transgredido direitos funcionais quando, no cumprimento de ordens espúrias, acabaram concorrendo para os escândalos que a sindicância não apurou. E quem mais está satisfeito? Por mais incrível que pareça, o presidente da Assembleia Legislativa, para quem o resultado da sindicância foi satisfatório, segundo matéria publicada neste jornal, na última quarta-feira. Não é possível, em sã consciência, que alguém possa considerar satisfatórias as conclusões de uma sindicância que nada apurou, que pariu a rigor uma formiga.


A comissão de sindicância, como já era amplamente esperado, manteve debaixo do tapete fortes suspeitas de que a presidência da Assembleia foi exercida sem qualquer compromisso com a moralidade. A comissão de sindicância, tendo limitados poderes, não chegou a aprofundar investigações que precisam ser aprofundadas, sob o risco de configurar um corporativismo condenável e a tentativa de acobertar malfeitorias que não podem ficar impunes. E agora, qual é a saída? A saída está nas mãos de 32 deputados estaduais, dos 41 que compõem a Assembleia Legislativa do Estado. Basta que 32 parlamentares apoiem Comissão Parlamentar de Inquérito proposta pelo representante do PSOL e que já dispõe da adesão formal de outros oito deputados, todos eles do PT.


Por que os 32 deputados resistem à CPI que pretende apurar sem contemplações as fraudes na Assembleia? A alegação é de que a sindicância precisava ser concluída. Pois a sindicância, que não pariu um rato, mas uma formiga, acaba de ser concluída sem conclusão convincente. Os deputados resistentes à CPI vão se render à evidência de que ela é absolutamente indispensável à elucidação dos fatos? Os deputados que até agora resistem à CPI perderam o argumento de que era preciso esperar o fim da sindicância, porque as investigações nada produziram.


Os deputados que temem a CPI não podem mais se apegar a nenhuma desculpa para deixar de apoiá-la. Se mantiverem essa posição, deverão prestar contas à opinião pública. Precisarão dizer por que motivo preferem acobertar malfeitorias do que pugnar para que sejam completamente esclarecidas, em respeito aos eleitores, em respeito à imagem da própria Assembleia Legislativa.


Fonte: O Liberal

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Agenda Mínima do governo prevê investimentos de R$ 4,5 bilhões até 2014

O governador Simão Jatene lançou nesta terça-feira (12), em solenidade com a presença de todos os secretários e gestores do Estado, a Agenda Mínima de Governo para ser cumprida até o final do mandato. Assim como fez na primeira vez que chefiou o Executivo, Jatene enumerou, no documento, as obras e investimentos que se obriga a realizar até 2014. Entre essas ações, está a conclusão das obras inacabadas, deixadas pelo governo anterior em situação bastante precária; investimentos maciços nas quatro áreas definidas como prioritárias: Segurança, Educação, Saúde e Meio Ambiente, e outros investimentos nos demais setores, contempladas todas as áreas de atuação do governo.


Os investimentos nesses projetos somarão, segundo o governador, R$ 4,5 bilhões. Isso representa, no cálculo de Jatene, cerca de 10% da arrecadação presumida do Pará nos próximos anos. 'O Governo que não se dispuser a usar pelo menos 10% do que tem nos cofres em investimentos não terá feito absolutamente nada', afirmou o governador.



Somente com a nova forma de gerir a 'máquina' inaugurada em 1º de janeiro, nesses breves 100 dias de administração, a arrecadação já deu um salto de cerca de 8%, quase o dobro do crescimento médio dos quatro anos anteriores. .


'Se multiplicarmos o nosso orçamento anual por quatro, teremos algo em torno de R$ 48 bilhões. Os R$ 4,5 bi que estão previstos para investimentos representam apenas 10%', calculou o governador. 'É possível realizar isso. Não será fácil, mas é possível', reiterou.



Durante seu pronunciamento, o governador voltou a convidar toda a sociedade a participar de um Pacto pelo Pará, a única via possível de desenvolvimento para o Estado. 'Independentemente das diferenças, é preciso que cada um faça a sua parte', conclamou Jatene, dirigindo-se à mesa, onde figuravam representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como representantes do setor produtivo e dos trabalhadores, entre outros. 'Eu não tenho medo das diferenças. O que me incomoda são as desigualdades', reiterou o governador.


Dentre as obras preconizadas na Agenda Mínima, estão a construção de dois hospitais regionais, a conclusão e equipamento do Hospital Oncológico Infantil e a implantação do Centro de Hemodiálise; a implantação de 10 Unidades Pró-Paz em Belém e no interior e a contratação e formação de 4 mil novos policiais; a implantação de unidades da Universidade Tecnológica do Pará (Unitec) e do curso de Medicina em Marabá; a construção da Praça do Esporte e Lazer no entorno do estádio Mangueirão; a efetivação do Programa Municípios Verdes em 100 municípios; a construção de centros de convenções em Marabá e Santarém; a construção do Jardim das Palmas no entorno do Terminal Hidroviário e do novo Parque Ambiental do Utinga; a ampliação da rede de abastecimento de água em 46 municípios e o atendimento a 18 mil famílias com lotes urbanizados no Estado.

Crítica de Teatro: Por Fernando Athur Lobinho de Fretas Neves

Por Machado de Assis, Carlos Correia Santos traz à tona o universo dos personagens sem voltar ao tema da fonte de inspiração, o autor quer associar sua construção literária ao pai da literatura brasileira, este mote pode até ser arrogante, mas sempre é uma empreitada a merecer atenção. Joyce com seu Ulisses fez o percurso da vida em um único dia de um o judeu em Irlanda, concorrendo para demonstrar o acento da Odisséia na transmutação das experiências humanas no tempo, sendo elas mesmas colagens sobre um enfado tornado irregular e quotidiano.


O final feliz quase trágico da condenação do personagem Queiroz a pairar eternamente como a criatura deu uma solução previsível no texto, pois as tiradas sherloquenas não são as mais refinadas, contudo o objeto não é esconder-se por trás de falsas pistas, antes o inesperado não está na seqüência da trama. A concorrência sobre a fama dos personagens machadianos foi ampliada para o hipertexto das novelas televisivas às teses de doutorado, porém não chega a explicitar a polêmica com a crítica teatral seja do século XIX, ou de nossa contemporaneidade um século depois.


O detetive Queiroz, ou d’Equeiroz, não era Eça de Queiroz, o anverso, às vezes, adverso do Machado de Assis como informa o autor como obrigação ao jogo de palavras insistente no fluxo da peça. Perscrutando as pistas do assassinato, Queiroz se vê assombrado por sua professora Lina ao relembrar o horror mais que o desdém pela obra machadiana. Machado também obsedou Queiroz quando elaborou sua crítica à obra PRIMO BASÍLIO, na qual graceja o encerramento da lição - não se deve confiar em empregados.


Esta virulência teria comprimido Queiroz, desta vez, Eça de Queiroz, a furtar-se de publicar romances por quase quinze anos. Os tantos outros usos de Machado ficaram postados por Sidney Chaloub ao analisar o escritor; sustenta um intento não previsto, o Machado historiador como assinala nas relações sociais as mulheres e os espaços das relações de dependência e clientela no mundo da corte dos oitocentos, um emulo do tempo e dos acontecimentos da condição de Machado de Assis.



Ligar os agentes ficcionais de outrora com suas representações no presente contou com o espectro daqueles circulando na atualidade seja como tipo-ideal, seja literal. Este artifício engendrou espírito à narrativa ao conceber as rivalidades dos protagonistas das obras segundo a classificação do bom gosto literário. Conforme se vê: o privilégio por Capitu, cujo sufixo Lina, traveste-se com alguns volteios em Capitulina, esta excedendo em importância à Helena considerou um sentimento de escolha do leitor especializado sobre o neófito, terminando por ratificar o pressuposto do drama psicológico à novela romântica televisiva.


Ato continuo, se há loucos no mundo, a quem cabe dizer quem é são? O Dr. Bacamarte. Este personagem ou assassino, quem sabe? Alinha-se à Capitu na construção do enredo cuja prisão de Queiroz é a liberdade do escritor, mais que a do leitor, pois estamos seguindo os passos deste último no inquérito do assassinato de um imortal.
O revezamento dos personagens em três atores foi uma saída rica para testemunhar a negação do masculino ao proferir uma premência do feminino, porém isso não obsta outra montagem quando poderemos ver atrizes investidas desta tarefa a descortinar o véu da leitura como um par da encenação da prosa machadiana.



Ao tratar Queiroz como Casmurro, outro a mais, percebemos o nascimento do personagem, por contingências do contato, o horror a literatura de Machado fez dele uma vítima, melhor, o protagonista da narrativa, o assassino então? De início o ator não conseguiu demonstrar essa vicissitude, a condição bonachona do gordo favoreceu ao seu encontro com o idiota despertado à consciência por maldizer e rasgar o livro. Por reencarnações constantes, os personagens usam a ferramenta teatral para acelerar a conversão do espírito em carne e vice-versa. A macumba, desculpem..., a cultura de receber espíritos foi relevante e sintonizada com o tempo presente, esta argúcia não creio encontrar no imortal nos textos que conheço.


O espetáculo entrelaça os enredos de Helena, Memórias Póstumas de Brás Cubas, O Alienista e Dom Casmurro na vibrante teia da comédia, quando a encenação do texto foi um vaticínio à imortalidade arrancada da cômoda leitura para disputa da interpretação bem orquestrada pela direção de Luís Fernando Vaz sobre o Coletivo Parla Palco.


Se houve muitas incompreensões com o teatro de Machado de Assis, qualificando-o de inferior no conjunto da obra, o mesmo não se pode dizer dos contos e romances. Gabriela Maria Lisboa Pinheiro nos oferece uma lente para captar Machado, sua estética e seu tempo ao erigir em juízo a evolução do autor em combinação com as transformações do temário das em comédias de costume para o teatro realista. Por fim, a música ficou pastiche sem encontrar a alma da peça.
De 15 a 18/04 volta à cena no teatro Claudio Barradas, a cidade merece assistir.

Um observador no teatro.