segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PT – PSDB: diferenças e aproximações bem pontuadas

No período imperial brasileiro, dois partidos disputavam a direção política do Estado. A diferença entre eles não era de matiz política ou ideológica, mas em relação à configuração do Estado. Os Conservadores, tendo à frente o visconde do Uruguai, defendiam um Estado centralizado e os Liberais, tendo à frente Tavares Bastos defendiam um Estado descentralizado.


Hoje a bipolarização da política nacional se dá entre dois grandes blocos: o liberalismo social do PSDB e o social liberalismo do PT. O que os une e o que os separa?


Pontos de unidade:


Convergência pelo Estado de Direito Democrático
Experiência comum com escândalos de corrupção
Opção por uma estratégia política social reformista
Afirmação da opção institucional para a conquista de governo
Ambos são pragmáticos no terreno partidário, aceitam apoio até da direita ideológica
Ambos convivem bem com estatizações e privatizações. Diferem apenas nas ênfases dado, a cada uma delas.


Pontos de separação:
A opção do PSDB entre o controle do déficit público e a redistribuição de renda, opta pelo controle do déficit.


A opção do PT entre o controle do déficit público e a redistribuição de renda. Opta pelo meio termo. Ajusta parcialmente mecanismo de controle do déficit , mas não abre mão da política redistributiva.


Frente à uma crise de origem externa ou interna, a receita que vem à cabeça dos técnicos do PSDB é: diminuir gastos do Estado através da diminuição dos gastos sociais, arrocho salarial e privatizações.


Frente à uma crise de origem externa ou interna, a receita que vem à cabeça do PT é: ampliação da concessão de créditos para mover a economia, aumento das exportações e ampliação do investimento do governo em empresas públicas.


Em síntese: a separação entre PT e PSDB se dá nas receitas frente às crises e em visões diferenciadas sobre o papel do Estado na economia.


PT/PSDB convergem ao centro dentro do espectro ideológico brasileiro. Esta tendência deve-se ao perfil do congresso nacional, que é em 70% de sua composição, de centro-direita.


Nestes partidos já não existem as velhas paixões socialistas que animaram as gerações até a década de 1990 do século XX. Portanto, quem ainda nutre paixões ideológicas por estas duas agremiações partidárias está dando murro em ponta de faca.


Estes partidos em nada inovaram a gestão pública, na participação popular e nem construíram uma cultura republicana na política brasileira.


São dois partidos democratas. E isto é muito bom para a democracia brasileira.

2 comentários:

  1. Caro professor Edir, a reforma do Estado, implementada a princípio pelo PSDB, ainda que inconclusa e repleta de imperfeições, não representou uma inovação na gestão pública?

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  2. A reforma do Estado era necessária. Creio que esta reforma poderia ter sido feita quebrando o monopólio estatal sobre os diversos segmentos da economia mas preservando empresas estatis estratégicas como a Telebrás, a Embratel e a Vale, a exemplo do que foi feito no segmento do petróleo com a preservação da Petrobras.

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