sábado, 2 de outubro de 2010

Sucessão de 2010: Artigo escrito em 23/01/2010- Uma alerta que não foi ouvido

Sucessão de 2010: um balanço inicial do governo Ana Júlia


Para introduzir minha análise apresento alguns dados recentes acerca da imagem da governadora do Pará perante o eleitorado estadual.
Dêem uma olhada a quantas andam a imagem da governadora do Pará:as fontes são confiáveis e retrata uma pesquisa de dezembro de 2009.

2.Percepção da imagem da Governadora Ana Júlia

E como a Governadora Ana Júlia Carepa é vista pela população do Pará? O que vem a mente deste povo quando se fala o nome de Ana Júlia?

O tamanho da imagem Positiva é de apenas 23%. Agora, quando se trata de imagem Negativa o índice vai para 65%. Em relação às mesorregiões do Estado, a que se destaca com melhor percentual de imagem positiva é a mesorregião do Baixo Amazonas, 49%. As de piores desempenhos de imagem da governadora são: Marajó (93%), seguida da Metropolitana (75%), Sudoeste (71%) e Nordeste 60%).

A ANÁLISE:
1- Dediquei 17 anos de minha vida ao PT. Desfiliei-me politicamente no ano de 2002. Entre os anos de 1981 e 1984 fiquei transitando entre a convergência, DS, e a dissidência esquerda do PC do B , para finalmente ingressar com toda força no PRC até 1988. No PT, o PRC adentrou a partir de 1985 e lançou Humberto Cunha prefeito de Belém, alcançando o percentual histórico, para aquela época, de 10% do eleitorado.
Fui da direção municipal e estadual do PT e da direção estadual e nacional da CUT.

2- Saí do PT por motivos profissionais, já era mestre em Ciência Política e estava cursando o doutorado, aí eu teria dois caminhos, ou seria cientista do PT, ou um acadêmico da UFPA para discutir, sem o constrangimento de enfrentar a disciplina partidária, temas polêmicos como o mensalão, ou a avaliação de governo quando o PT fosse o partido incumbente. Optei pela segunda alternativa.

3- Hoje assisto com alegria o grande desempenho de um governo de centro esquerda no Brasil, o governo Lula, sem dúvida será lembrado como aquele que alçou vôo, levando consigo grande parte do povo brasileiro. Até recentemente o crescimento econômico não era acompanhado da distribuição de rendas, controle inflacionário e geração de novos empregos formais. Lula, pelos números ostentados em relação a: investimento em educação, nas universidades federais e no ensino técnico e tecnológico. Investimento no ensino fundamental e nos salários dos professores. Investimento na agricultura familiar, que gerará nos próximos 15 anos uma classe média rural. A política de cotas nas universidades que gerará uma nova classe média, baseada nos sem universidades de ontem. Enfim Lula tem indicadores em todas as áreas das políticas de Estado, incluindo a diminuição da dependência comercial com os EUA e ampliando o acesso ao comércio com a China, África do Sul, Rússia e Oriente médio. Então podemos afirmar com convicção, o governo Lula têm muito mais méritos do que deméritos, daí ser o presidente brasileiro campeão em popularidade.

E o governo Ana Júlia como vai?
4- Como ponto de partida posso afirmar que quando penso em Ana Júlia me sobressai, de início, imagens negativas: DAS para manicure, privilégio ao piloto namorado, a menor encarcerada de Abaetetuba, o escândalo do kit escolar, mortes de bebês na Santa Casa, o sucateamento do Ophir Loyola, e agora mais recentemente, denúncias em torno de propinas a partir de obras públicas.

5- Do ponto de vista político outras imagens negativas se sobressaem: concentração do núcleo de governos nas mãos de pouquíssimas pessoas de seu relacionamento pessoal, em detrimento do partido e da base de apoio partidário e parlamentar. Reclamações de toda a base aliada de que os acordos firmados com a Casa Civil nunca são cumpridos. Reclamações da bancada federal quanto às emendas orçamentárias para o estado, onde a governadora, prometeu e não cumpriu de que acrescentaria às emendas individuais o mesmo valor alocado pelo deputado federal ou senador, independente de partido. Incapacidade em gastar os recursos orçamentários alocados pelos deputados e senadores, através de emendas de bancada. Neste ano o governo do estado não teria tido a capacidade gastar em torno de 500 milhões, das verbas destinadas ao estado e esta teria sido devolvida.

6- Estes erros, que são crassos nas relações políticas, poderiam e deveriam ser superados a qualquer momento, principalmente relacionado à base aliada, bastando para isso que a chefe do executivo bata o martelo e altere as relações políticas e institucionais que vem estabelecendo com a base aliada.
Há nove meses das próximas eleições esta decisão ainda não foi tomada, e hoje tenho muitas dúvidas se as relações de parcerias e confiança ainda podem ser reestabelecidas com a base de centro direita no parlamento e nas prefeituras. Quanto ao PT, este não tem outro caminho de que não seja tentar viabilizar a candidatura Ana para que tenha reflexos eleitorais positivos, através do desempenho da legenda e na conquista de um quociente eleitoral favorável às bancadas federais, estaduais, e na disputa senatorial.

7- Mas neste mar de imagens negativas, o governo tem o que mostrar, mas passou 36 meses sem conseguir mostrá-los, ou quando o fez, o executou sem criatividade e com baixa capacidade convencimento, senão vejamos: O governo não capitalizou ostensivamente as iniciativas federais no estado como a criação da UFOPA, as eclusas de Tucurui, a retomada do asfaltamento da Transamazônica e da BR 163, a siderúrgica de Marabá, a extensão da ferrovia norte-sul à Barcarena.

8- O governo também tem boas iniciativas estaduais, e só agora começa a mostrar uma propaganda mais agressiva e consistente como: a bolsa trabalho, os parques Tecnológicos em construções, a ação metrópole, o navega Pará, pequenas obras de infra-estrutura municipal, como as construções de trapiches, estradas vicinais e construções de escolas, postos de saúde e equipamentos hospitalares.

9- A grande decepção do governo Ana Júlia foi sem dúvida a perda da marca registrada do PT nas áreas da saúde e educação. Têm sido paradigmática as revoluções silenciosas patrocinadas nas administrações municipais e estaduais comandas pelo PT nestas duas áreas. A partir de uma visão aparelhista do controle de áreas essenciais do Estado para fins de reeleição, deixou-se em segundo plano a questão de Saúde e Educação.

10- Não foi experimentada nenhuma ação articulada visando o estabelecimento de novos métodos de aprendizado e gestão escolar. Uma minoria de escolas funciona exemplarmente em detrimento da maioria atolada pelo compadrio entre diretores e professores. Não houve ações coordenadas que envolvessem tanto órgãos e dirigentes estaduais com as secretarias municipais, para superar problemas relacionados à gestão e às novas metodologias de aprendizado. Não houve o empoderamento orçamentário e político do espaço escolar. Além de se ter privilegiado a confiança política para a ocupação de cargos técnicos em detrimento da prioridade da competência específica aliada à confiança.

11- Em relação ao setor saúde, nem se fale. A saúde foi rifada para cumprir acordos eleitorais. Sem dúvida existiriam outras maneiras e cumprir acordos, mas a saúde e educação não deveriam ter sido secundarizadas pelo governo. Para os pragmáticos direi com toda a convicção: Saúde, Educação, Assistência Social e Segurança não podem ser locais de barganha e onde não deve nem ser pensado a possibilidade de aparelhamento, porque são essenciais para armar a sociedade pobre para a competição na sociedade, patrimonializar estes setores de governo trará reflexos devastadores para toda àquelas pobres vidas, e por um longo tempo .

12- A gestão da saúde é um dos principais problemas a serem enfrentados pelos governos. Apesar dos recursos fluírem fundo a fundo, as coisas não acontecem na ponta. Os pacientes não são bem recebidos, as filas são intermináveis, a falta de médicos é uma constante, a Estratégia Saúde da Família está desvirtuada por causa do aparelhamento e apadrinhamento político municipal.

13- Mas Ana Júlia têm grandes chances de estar no segundo turno. A melhoria da comunicação política, as obras federais e estaduais bem capitalizadas, a aliança eleitoral com partidos e prefeituras e o grande poder da máquina estadual, dos recursos organizativos e financeiros, a fazem uma grande atriz política ao próximo processo sucessório.

14- A quebradeira estadual do PSDB, a partir das eleições municipais de 2008. O fato de Jáder Barbalho não querer arriscar perder mandato em 2010, numa disputa para o executivo. O desmonte moral que o Diário do Pará executou contra a gestão Dudu em Belém, nos últimos 3 anos, são fatores que deixam a possibilidade do governo Ana e o PT sonharem ainda em conseguir uma reeleição, num contexto de péssima gestão política, administrativa e orçamentária no estado do Pará nestes últimos 37 mêses. Imaginem, apesar desta análise, afirmo e reafirmo, Ana ainda tem chances de se reeleger. É... são coisas da política.
Postado por Edir Veiga às 19:28 10 comentários Links para esta postagem

Um comentário:

  1. sou militante do pt a 25 anos e governo ficou concentrado na mão de um grupo tudo bem pode ate ser doutores ai da ufpa mais fazer politica eles não sabe tem que volta para base e respeita os militantes no meu municipio o governo é do pt mais fizemos a nossa parte e a governadora ganhou nós dois turno e andre farisa da onde saio esse cara que não respeta niguem tai o resultado derrota.andre farias jose julio bira poty emilio e outros esse seu grupo governadora tem muito que aprender.

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