terça-feira, 6 de abril de 2010

Candidato que quer ganhar eleição tem de cuidar da inflação

* Celso Ming

Ontem, em entrevista à Globo News, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, seguiu dando suas explicações sobre as razões que o levaram a permanecer à frente do BC e, nesse bolo de explicações, entendeu que tinha de dizer que sua contribuição para o que chama de responsabilidade eleitoral é trabalhar para derrubar a inflação.

Independentemente das verdadeiras razões que influenciariam o destino político de Meirelles, o que vale a pena examinar é o quanto a inflação de fato pesa nas decisões do eleitor na hora de escolher seus dirigentes.

Curiosamente, o combate à inflação no Brasil não é tema de campanha eleitoral. Nenhum candidato vai à TV ou ia antes aos palanques para alardear que é contra a inflação e assim se tornar merecedor do voto do eleitor. Ao contrário, afirmar ser a favor da alta dos juros é, em princípio, um destruidor de carreiras políticas.

No entanto, a inflação pesa, sim, na decisão do eleitor. Sempre que há perda relevante de poder aquisitivo, sempre que os sonhos de consumo não se realizam, o eleitor se predispõe a votar contra o governo.

E, ao contrário, sempre que tem a percepção de que sua renda não é corroída pelo aumento geral de preços, o eleitor tende a aceitar de bom grado as razões dos candidatos do governo.

Foi esse o principal fator que elegeu o presidente Fernando Henrique em 1992 e foi esse o principal fator que reelegeu Lula em 2006.

Não dá para dizer que a permanência de Meirelles à frente do Banco Central se deva a considerações desse tipo, porque ele não as levou em conta na sua tentativa de candidatar-se. Mas que têm lógica, têm sim. Candidato que quer ganhar as eleições tem, sim, de cuidar de controlar a inflação.

Estadão

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