quarta-feira, 12 de maio de 2010

Eleição no Sindicato dos Bancários: para quem vai o espolio da Chapa 2?

Terminada a apuração das eleições do Sindicato dos Bancários , a Chapa 1 sagrou-se vitoriosa, com uma vantagem de 243 votos sobre a Chapa 2. Duas perguntas permearão este artigo. A primeira, qual o perfil político de cada chapa e onde estão seus votos? A segunda, quem terá competência para capitalizar os votos da Chapa 2?
Em 2007, três chapas disputaram a direção do SEEB/PA. A Chapa 1, formada pela DS e pelo PCdoB , obtiveram 44% dos votos, contra 41% da chapa 3, das tendências Unidade na Luta e PT prá Valer. Com os outros 15% ficou a chapa 2, do PSTU e PSOL. Nestas eleições, a Chapa 1 foi formada pela maioria da antiga Chapa 1 e pela maioria da antiga Chapa 3. Já a Chapa 2 foi uma articulação que envolveu o PSTU, o PSOL, uma parte da Articulação Sindical e uma pequena dissidência da DS.
A única articulação dos empregados dos bancos privados se dá via Sindicato. Considerando apenas as grandes corporações, o Banco do Brasil, com sua miríade de organizações e a CEF, com a CaixaParah, não tem relação orgânica, mas tem relação de preferência com a DS. O BASA – com a AEBA – e o Banpará – com a Afbepa – seriam dirigidos pela Articulação.
O esperado, portanto, era que a Chapa 1, considerando os arcos de força ao redor de cada composição tivesse uma vitória fácil, algo como 70% a 30%. Essa projeção leva em conta que a diretoria da Afbepa apoiou a Chapa 2, e retirou poder de fogo da Articulação e subtraiu votos da chapa 1. Então porque essa diferença pequena, de 7%?
As respostas estão em torno da capacidade de organização das entidades para as suas bases.

Composição dos votos.

O colégio eleitoral dos bancários se divide em três setores, região metropolitana, interior e Amapá .
Na região metropolitana a Chapa 1 teve 1209 votos, contra 1011 da Chapa 2. No Amapá a Chapa 1 contou com 207 votos contra 106 da Chapa 2. No interior, a única vitória da Chapa 2: 510 contra 456.
Das 19 urnas da região metropolitana, a Chapa 2 foi vitoriosa apenas em quatro: as três fixas do BASA e a do Banco do Brasil-CSL. No BASA, a Chapa 02 obteve 363 votos (65%). Nas demais urnas fixas, (Banpará e Banco do Brasil) a vitoria foi da chapa 1. Excetuando o BASA, a chapa 1 teve 1013 votos (60%).
A inferência é que houve polarização na Caixa e no Banpará. A chapa 2 obteve vitória no BASA e a Chapa 1 nos privados e no Banco do Brasil.
A conclusão política é de que as associações falharam na organização de suas bases. Isso em parte é real, pois o BASA passou recentemente por um complexo processo de distribuição de lucros que deixou os funcionários insatisfeitos, e resultou na vitoria da Chapa 2. No Banpará, após a vitória do e reeleição de Kátia Furtado na presidência da AFBEPA o esperado seria uma margem folgada nas eleições para o Sindicato. Não foi o que aconteceu, e sim um empate técnico entre as chapas.

O espolio da chapa 2.

Com tantos elementos envolvidos e com 54% dos votos da categoria, o que será da chapa 2? Por mais que venha a negar, a presidenta da chapa, Katia Furtado – da AFBEPA, foi efetivamente derrotada. Afinal ela liderou uma cisão com sua antiga tendência para construir uma chapa anti cutista e batendo na tecla da partidarização da entidade. A ambição em galgar postos no movimento sindical a cegou para a realidade de estar sendo manipulada por interesses partidários, e sua eventual vitoria criaria ou sindicato ingovernável ou napoleonismo sindical que deixaria a categoria sem direção.
Outras derrotadas foram a professora Edilza e a vice-prefeita de Ananindeua, Sandra Batista. Ao reforçar a pequena dissidência da DS não conseguiram dar suporte para evitar que seus cabeças de ponte fossem engolidos pelo discurso do PSTU no BASA, principal foco da dissidência. Ou seja, ambas empenharam seus nomes e articularam um grau de estrutura para uma chapa que além de derrotada nas urnas não vai lhes garantir retorno nas suas pretensões eleitorais em outubro. Pior: o PT no movimento sindical sempre vai lhes cobrar a posição anti-cutista que ajudaram a reforçar.
Quem pode capitalizar essa representatividade política da chapa 2 é o PSTU: é único segmento que defende de forma coerente o discurso da chapa, até porque foi ele quem o escreveu e o pôs na boca de seus aliados. Por pouco não ganhou a eleição para a Caixa de Saúde do Basa. Ficou a 7 pontos percentuais da chapa vitoriosa.
Dentro de poucos meses será a eleição da Associação dos Empregados do Basa. Será a chance do PSTU testar sua capacidade de aglutinação e derrotar que o grupo que há mais de 20 dirige aquela entidade.
Na verdade se o PSTU pensasse em termos eleitorais, posicionaria Silvio Kanner, funcionário do BASA e candidato a vice presidente pela Chapa 2, na chapa de candidatos a deputado estadual encabeçada por Edmilson Rodrigues, em coligação com o PSOL . Se não for eleito, capitaliza-se para 2012 e para a próxima disputa sindical, em 2013.
Mas, enfim, para o PSTU tudo o que interessa é revolução proletária que está logo ali ao dobrar a esquina.

Humberto Lopes – Mestrando em ciência política.

Um comentário:

  1. "Com tantos elementos envolvidos e com 54% dos votos da categoria, o que será da chapa 2?"

    Se a Chapa 2 tivesse 54% dos votos teria ganho a eleição. Essa informação está correta?

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