Não podemos afirmar que Ana Júlia não teve obras concluídas em seu governo 2007/2010. Na verdade Ana Júlia teve papel importantes nas decisões do governo federal em realizar obras estruturantes no estado , tais como: Eclusas de Tucurui, início da pavimentação asfáltica da BR 163 ( Santarém-Cuiabá) , na implantação do Pólo de Biodiesel no nordeste paraense, assim como na criação da Universidade Federal do Oeste do Pará.
Também podemos considerar como iniciativas importantes do governo petista: Implantação do Navega Pará, instalação dos Parques Tecnológicos em Belém e Marabá, A Bolsa Trabalho e as obras em final de mandato: o viaduto Daniel Berg e a Avenida Dalcídio Jurandir (prolongamento da avenida Independência).
Isto posta, pergunto. Qual a variável que explica a reeleição de Almir Gabriel em 1998, em confronto com a super candidatura de Jáder Barbalho, num contexto onde Almir Gabriel não tinha inaugurado nenhuma obra de visibilidade pública? Respondo, foram duas variáveis centrais: direção política estratégica de governo e a correspondente política de comunicação e propaganda, dirigida pela secretaria de comunicação.
Lembremos, Almir Gabriel recebeu o governo do Pará com salários do funcionalismo atrasado há 3 meses, além disso este governador teve de demitir 30 mil servidores públicos temporários para equilibrar as finanças do Estado. Neste contexto adverso, Almir Gabriel contava com um aliado de peso, o governo FHC.
Pois bem, Almir Gabriel teve uma competente assessoria de comunicação e veio a dividir com FHC a capitalização das obras federais no Pará, a exemplo da Trama Oeste, que levou energia de Tucurui para o oeste do Pará, além de surfar na reeleição e popularidade de um governo federal que controlaria, em longo prazo, a inflação em nosso país. Ou seja, neste contexto, Almir, com baixa rejeição eleitoral, surfou na onda de reeleição de FHC em 1998.
Por outro lado, o núcleo duro de Ana Júlia, demonstrou como e quando não se tem percepção política do ponto de chegada, na correlação entre direção estratégica de governo e as diretrizes a serem seguidos pelo comando de comunicação política e propaganda de um governo estadual.
Com efeito, assistimos erros grosseiros na assessoria de comunicação do governo estadual. E faço questão de deixar bem claro: não cabe ao secretário de comunicação elaborar estratégia política de governo que deve estar embutida na propaganda, cabe sim, ao núcleo duro de governo, que montado em uma assessoria política de alto nível, deve saber a importância que existe entre realizar uma obra ou serviço e a necessidade de que os 7 milhões de paraenses saibam e compreendam estas obras ou serviços como muito importante. Ou seja, não basta divulgar, tem que haver conteúdo político estratégicos em cada mensagem embutida na propaganda.
Pois bem, assistimos à criação da UFOPA sem qualquer plano der marketing do governo estadual. Sabemos também que Ana Júlia teve um papel decisivo junto ao presidente Lula para que esta universidade viesse para o Pará e não para um outro estado da federação. Não tenho nenhuma dúvida em afirmar que a criação da UFOPA foi a mais importante conquista de Ana Júlia junto ao presidente Lula, nestes 4 anos de governo.
O plano de marketing para a criação da UFOPA, assim como para a BR 163, Transamazônica, Eclusas de Tucurui, Pólo de Biodiesel, deveria ter obedecido a um complexo plano de divulgação que deveria partir da influência da governadora na tomada de decisão de Lula, ordem de serviço, fases intermediárias das obras, até a inauguração de fases de cada obra.
Todas estas propagandas deveriam ser dotadas de conteúdos políticos e com a participação ativa dos atores sociais: partidos, empresariado, trabalhadores, etc. Não basta falar da inauguração de uma obra e mostrar a imagem desta em sua inauguração. Não, é preciso que a população entenda como aquela obra vai lhe trazer algum tipo de benefícios.
Assim, Ana Júlia teve muitas obras e serviço durante o seu quadriênio por realização direta ou por conquista junto ao presidente Lula, mas quando perguntávamos à população porque da rejeição eleitoral à governadora, a resposta era direta: porque não fez nada. É incompetente e assim por diante.
Então podemos afirmar peremptoriamente: Ana Júlia cometeu um pecado mortal, ao escolher para sua assessoria direta, pessoas desprovida de teorias políticas contemporâneas sobre o comportamento eleitoral e o papel de um marketing político, bem estruturado, desde a posse até o fim do mandato de um governante.
Ana perdeu por ter confiado, sem limites, em dirigentes políticos que não dominavam aquilo que Maquiavel chamou de Virtú. Que seria a capacidade de manter a conquista de um governo. Manter o poder em uma sociedade de milhões, exige mais do que vontade e máquina de governo para ganhar uma eleição.Conquistar e manter uma hegemonia política passa pela arte de aglutinação e não, de fragmentação e dispersão. De fato o núcleo duro foi muito mole na queda. Assistimos, estarrecidos, o “enxotamento” político de um governo popular pelo povo do Pará.
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Esse tal de núcleo duro só é duro de engoli, mesmo porque são uns merdinhas que endureceram. Já que merda a gente não engole de jeito nenhum, imaginem merda dura.
ResponderExcluirPertinente e esclarecedora sua análise. Mesmo durante a campanha, sentia-se a falta de indicação clara do que havia sido feito pela administração estadual, assim como de justificativas plausíveis para as dificuldades que impediram as realizações. Particularmente não vejo mais utilidade em perder tempo de propaganda política com ataques muito pobres o concorrente, do tipo musiquinhas com refrões bobos sobre algum problema ou falta por ele cometida.
ResponderExcluirComo explicar tanta incompetência em relação às duas variáveis que você aponta?
Sua análise está correta, precisa, Edir.
ResponderExcluirLembro que no governo Almir Gabriel a comunciação/propaganda foi mostrando passo-a-passo todas as realizações: Tramoeste, Aeroporto, Parque da Residência, Estação das Docas, estradas: como a Capanema-Bragança e PA-150, e outras menos improtantes. Como você bem disse, não apenas na inauguração, mas o desenrolar das obras e o benfício que elas iriam trazer para a população. Quando veio a eleição não havia nada pronto pra inaugurar, mas a população estava sabendo que tinha muita coisa sendo feita e que a renovação do mandato era a garantia de conclusão dessas obras. Lembro até de uma frase muito repetida: "Sonhos que estão virando realidade". Afinal, quem não tem os seus?
Com muito trabalho e comunciação eficiente, Almir Gabriel foi reeleito, ganhando uma eleição quase impossível contra Jader Barbalhao e Hélio Gueiros. Muitos ainda atribuem ao uso da máquina, mas o que dizer dessa senhora que usou e abusou da máquina e não se reelegeu e ainda deixou o Paulo Rocha em terceiro lugar na disputa para o senado, perdendo para o Flexa Ribeiro sem voto. Pior do que isso, só mesmo dois disso...
Marco Batalha