quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dilma: o que se espera da presidente mulher

Dilma foi eleita presidente do Brasil, porém muitas dúvidas ainda pairam sobre o eleitorado brasileiro que votou nesta. Esta incógnita deve-se a ausência no currículo de Dilma de experiência na testa de executivos, sejam eles, municipais, estaduais ou federal.


Em favor de Dilma consta a experiência de ter sido a primeira ministra, informal, do segundo governo Lula, quando coordenou as ações de 35 ministros, na esplanada dos ministérios. Agora novos tipos de habilidades serão necessárias na vida cotidiana da economista Dilma: Mediação de conflitos com os ministros, mediação de conflitos com a base parlamentar, sensibilidade aguçada para antecipar conflitos junto aos movimentos sociais, em especial perante o MST e os movimentos dos funcionários públicos federais.


Creio que do ponto de vista da gestão macro da economia, as bases da estabilidade estão assentadas, porém às tomadas de decisões políticas frente aos conflitos envolvendo demandas dos empresários dos setores de importação e exportação, somados à pressão dos poderes legislativos e judiciários por salários e investimentos, pressionarão violentamente o equilíbrio das contas públicas.


Outro fator, este sim, impoderável, será o acompanhamento dos conflitos envolvendo a guerra cambial que está explodindo entre os Estados Unidos da América e a China, que poderá arrebentar no colo do Brasil, devido à provável diminuição do espaço de ação dos chineses no mercado mundial com a provável diminuição das exportações brasileiras rumo à China, devido ao contrarrestamento da Europa e dos EUA, frente à desvalorização artificial da moeda chinesa, com prejuízo para os mercados internos de todas as nações, que estão inseridos na dinâmica do mercado mundial capitalista.


Creio que a presidente Dilma poderia recuperar bandeiras tão caras às lutas por uma sociedade mais equitativa, humanista e livre, que seria o duro combate à corrupção do colarinho branco, produzir uma engenharia institucional para a participação popular na formulação, processo decisório e controle das políticas públicas, a exemplo do desenho institucional do Sistema Único de Saúde- SUS e do Sistema Único de Assistência Social- SUAS. E finalmente, lutar para que o congresso nacional, a partir de provocação do executivo, endureça as penalidades contra os predadores do dinheiro público.


Uma outra ação digna de estadista, seria uma cruzada por uma reforma tributária que corrigisse as desigualdades regionais. O Estado brasileiro teria que assumir o perfil de Estado Hobin Hood, ou seja, os estados mais pobres deveriam receber maior contingente de recursos orçamentários, capazes de impulsionar seus desenvolvimentos econômicos, sociais e ambientais, na direção da de suas futuras auto-suficiências e independência econômica, perante os estados do Sul e do Sudeste do Brasil.


Outra grande reforma que prepararia o Brasil para ingressar no clube dos países centenários, na vivência de um Estado Democrático de Direito, seria a reforma política, capaz de dotar o eleitorado de maior racionalidade na hora da escolha dos representantes parlamentares e na diminuição dos custos da governabilidade na relação executivo legislativo. Esta reforma aumentaria a credibilidade da classe política brasileira, notadamente, da atividade parlamentar como um todo, perante a população, aumentando a fé na democracia.


E a última, e a mais complexa das reformas estratégicas que a presidente eleita poderia coordenar em nosso país, seria uma revolução na gestão dos serviços públicos, para que o cidadão brasileiro viesse a ter serviços de saúde, educação, segurança pública e judiciária de qualidade aceitável. Com esta finalidade, o governo federal deveria coordenar ações no âmbito federal e nos governos estaduais e municipais. Com esta decisão política, finalmente o cidadão brasileiro, os usuários dos serviços públicos, estariam sendo finalmente lembrados por uma macro política coordenada pela Presidente da República. O governo federal brasileiro já possui experiência suficiente para induzir este tipo de ação dos governos estaduais e municipais.


Tenho dito.

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